domingo, 27 de dezembro de 2015

The 13th Unit

A 13ª Unidade



Realizador: Theophilus Lacey

Actores: John Allen Phillips, Lance Aaron, Aidan Bristow

Acharam a capa assustadora? Concordo que sim. Está um trabalho bem conseguido. Diria mesmo o melhor do filme. Não existisse um pequeno pormenor que talvez faça alguma diferença:

É um embuste!

Exceptuando o resumo da história da contracapa, nada faz parte do filme. Desde o título (qual é 13ª unidade?), a imagem, e as frames, roubadas a outros filmes e séries. Está bem que o orçamento deste filme é equivalente ao que me sobra na carteira no final do mês, contudo existem regras do pudor e civilidade que deveriam ser respeitadas. 

Quanto à receita do filme, qualquer um dos nossos trabalhos na arte das sandes de presunto, ou fiambre e queijo, estará muito mais próximo de uma estrela Michellin, do que alguma vez isto estará de sair do esgoto.
Ingredientes: 1 edifício labiríntico, 1 dúzia de personagens a sacrificar e um demónio, monstro, entidade, ou simples cão rafeiro, conforme o que cada um especular de algo que nunca vê, salvo em flashes e sombras desfocadas. E essas, apontam claramente para a última hipótese. 

O caro leitor poderá estar surpreendido com a minha severidade. Afinal, apesar da banalidade do argumento, ele não diferirá de muitos outros filmes de baixo orçamento, e mesmo em produções mainstream. Verdade. Mas por poucos mais dólares, e uma história também ela banal, o Actividade Paranormal não deixa de ser um dos melhores, e mais competentes exemplos do fantástico na última década. 

Quem quiser ver este filme, aconselho a terminar a leitura por aqui, pois vou fazer algumas revelações explícitas da história.

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Se continua por aqui, escusa de agradecer por lhe ter poupado quase 1 hora e meia da sua vida.
Vamos então a factos que tornam este filme tão mau.

- A base da história é tão má e rudimentar, que nem vale a pena estar a gastar aqui o meu, e o vosso tempo a dissecá-la. Faz lembrar os velhos western dos anos 40 e 50, que punham uma tela pintada do deserto, para simular que a cena se passava ao ar livre. Mesmo que víssemos que era uma tela. 
Aqui é igual. Não pensem muito na origem, descoberta e utilização dos artefactos, pois de tão inverosímel que é, ainda ficávamos com uma mão cheia de nada.

- Flashforwards. Temos um suposto filme de terror. Temos as personagens. Qual é o raio de interesse em fazer apanhados do futuro, com elas em perigo, se TODOS nós já sabemos que elas vão estar em perigo. Dah!!!

- Monstro/Demónio. Nunca se vê. Apenas apanhados de pequenas partes do corpo, sombras ou trabalho de câmara. Em nenhuma altura aparenta ser algo tão perigoso que um bom chuto não resolva, como aliás o fez um personagem numa cena. Mas o menú é a la carte. Para umas vitimas é preciso o tal rafeiro fazer o trabalho. Já outras, são possuídas (otite?) sem razão aparente. Será o ar condicionado defeituoso?

Ufa! É bem mais difícil fazer uma crítica a lixo, do que a uma obra prima!


Classificação: zero 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Northman - Uma saga Viking

Northman - A Saga Viking



Realizador: Claudio Fah

Actores: Tom Hopper, Charlie Murphy, James Norton

Um grupo de Vikings proscrito da sua pátria escandinava naufraga na costa das Ilhas Britânicas, luta com os locais, rapta uma princesa, continua a lutar com o grupo de resgate da princesa, continua a lutar com o grupo que afinal já não quer resgatar a princesa, e por fim luta para voltar a embarcar para parte incerta. 

Resumindo: O argumento não tem ponta por onde se lhe pegue. Começa em lado nenhum, para acabar em lado nenhum. 

Qualquer comparação deste filme com a excelente série Vikings, será uma blasfémia.

Para piorar o que já não era muito bom, o actor principal, para além de ser alto e louro, nunca na vida deveria ter pensado em tentar representar. Atrozmente mau.

Única salvação deste naufrágio cinematográfico, os planos visuais e a fotografia, que estão bastante bem conseguidas.

Classificação: * *

domingo, 1 de novembro de 2015

O 7º Filho

O 7º Filho


Realizador: Sergey Bodrov

Actores: Jeff Bridges, Julianne Moore, Ben Barnes, Alicia Vikander, Kit Harington

Algures numa época medieval, sob os auspícios de uma lua vermelha, bruxas e bruxos irão-se unir a várias criaturas das trevas, e apenas o Espectro, e o seu aprendiz, poderão salvar a humanidade do reino de terror que se aproxima.

Lendo as linhas acima, não podemos escapar a uma muito familiar sensação de dejá vú, dispersa por dezenas de filmes, entre bons, médios, maus e péssimos, que já vimos em tempos. Enquadrar este 7º Filho entre as duas últimas avaliações, talvez fosse um fardo muito pesado para um produto visualmente q.b. e uma Julianne Moore, que mesmo deslocada, mantém os seus padrões habituais de competência. Contudo, a tendência maçadora e obsessiva de misturar o Senhor dos Anéis com os X-Men, podiam muito bem ter incluído este filme numa nomeação para os razzies.

Desilusão absoluta para a prestação do Jeff Brigdes. Ao contrário da Julianne Moore, nunca conseguiu entrar no personagem, que sendo central, afundou o filme com ele. Um dos seus piores, senão mesmo o pior, momentos da carreira.

Numa palavra final, um filme entretido de ver numa tarde de um domingo chuvoso, mas pelo elenco, e pelos meios envolvidos, tinha obrigação de ser muito melhor.

Classificação: * *



sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Quinze pontos na Alma

Quinze pontos na Alma


Realização: Vicente Alves do Ó

Actores: Rita Loureiro, Dalila Carmo, João Reis, Ivo Canelas, Carmen Santos

Afiança o teaser do filme que "Simone é uma mulher que tem tudo... O marido perfeito, os amigos perfeitos, a casa perfeita... Mas num instante tudo muda. Por vezes ter tudo não chega.

Se a motivação do filme era mostrar como se pode trocar uma vida perfeita, por uma mão cheia de nada, sem razão ou motivo plausível que o justifique, podemos enquadrá-lo na classe de obra-prima. Se é para ser um ensaio sobre loucura, também se pode dizer que está bem conseguido. Contudo, para alguém que prefere o realismo, em filmes que não se enquadram no domínio da fantasia ou ficção científica, só posso considerar este "Quinze pontos na Alma" uma piada de mau gosto, a gozar com biliões de pessoas que lutam diariamente por uma vida melhor.

Tal como referido, Simone é uma mulher que tem tudo na vida. Bom emprego, situação financeira desafogada, um marido que a ama, amigos fiéis. Um dia, ao regressar a casa, cruza com um desconhecido prestes a suicidar-se. Trocam um beijo antes deste consumar o seu intento. A partir desse momento, a vida dela muda radicalmente, numa busca obsessiva pelo passado do suicida.

Podemos entrar pelo campo filosófico, sobre a ambição constante do Ser Humano, ou pelo campo psicológico na atracção pelo desconhecido. Mas assentando bem os pés na terra, qual a reacção de 99,99% das pessoas se presenciassem um suicídio? Choque, consternação, preocupação, desmaio, vómitos, milhentas coisas do género, menos a única que não passará na cabeça de alguém são, que é ir para casa apaixonada pelo suicida (sem sequer se importar se ele efectivamente morreu ou não). 

Como pode o cinema português querer aspirar ao reconhecimento internacional, quando se continua a apostar nestas patetices existencialistas sem sentido?

Esquecendo o argumento, podemos apreciar um trabalho na linha do Manoel de Oliveira, onde a componente estética, nomeadamente nos enquadramentos e planos, é simplesmente magistral.

Apesar da prestação segura da Rita Loureiro, foram os (muito) secundários Dalila Carmo, Ivo Canelas ou Carmen Santos a conseguir dar algum brilho a um filme demasiado amorfo.

Filme interessante pela estética, ou para uma noite em que a insónia ataque.

Classificação: * *

domingo, 6 de setembro de 2015

Slumdog Millionaire

Slumdog Millionaire - Quem quer ser um milionário. 


Realizador: Danny Boyle

Actores: Dev Patel, Anil Kapoor, Freida Pinto, Irfan Khan

Tendo por base o famoso concurso "Quem quer ser Milionário", este filme relata a saga de Jamal, um miúdo que viveu toda a sua vida na maior miséria possível, até estar prestes a tornar-se milionário ao classificar-se para a pergunta final do concurso.

A juntar á componente financeira, Jamal persegue uma felicidade quase impossível junto de Latika, seu amor de infância.

Olhando para os actores, e para a história que descrevi, poderíamos pensar simplesmente que este se tratava de mais um banal filme da Bollywood. Possivelmente neste momento entra o génio do realizador Danny Boyle, que já antes nos tinha introduzido no mundo da droga com "Trainspotting" ou ressuscitado os zombies para a moda, com o "28 days later".

O realizador, não só consegue fazer-nos sentir as agruras do jovem Jamal, e o sentimento que este nutre pela sua amada, como magistralmente aproveita as perguntas do concurso para pintar um épico crú sobre as sofríveis condições sociais da Índia.

Qual sátira, a cena dos créditos finais, é filme indiano puro.

Brilhante.

Classificação: * * * * *


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Jurassic City

Jurassic City


Realizador: Sean Cain

Actores: Ray Wise, Kevin Gage, Dana Melanie, Vernon Wells

Que seria do cinema se todos os filmes fossem obras primas? Perderíamos termos de comparação, e estaríamos demasiado preocupados em pormenores para atentar à beleza das películas.

Para que não tenhamos problemas desse tipo, existem filmes como este Jurassic City.

Para os mais cépticos, duvidosos dos efeitos especiais em filmes de baixo orçamento, dou uma boa notícia: Os dinossauros são mesmo os melhores actores do filme!

Sem deslumbrar, os efeitos especiais estão minimamente competentes, criando sequências credíveis com os bichos. 

O pior são mesmo os humanos!

Nem me vou estar a debruçar sobre o argumento, porque para isso teria que estudar o sistema educativo dos states. Asseguro no entanto, que a minha filha que fez recentemente o 4º ano, consegue escrever histórias e redacções muito melhores do que o enredo deste filme. No mínimo, têm princípio, meio e fim, elogio que não sou capaz de atribuir a esta película. 

Para piorar ainda mais o que já era mau, os buracos na história são de fugir! Um exemplo? Grande parte do enredo passa-se numa prisão normal, onde (não perguntem...) uma carrinha cheia de dinossauros estaciona na garagem. Escusado dizer que eles arranjam maneira de se soltar. O fantástico, é que numa cena vemos as celas com prisioneiros, vemo-los a fugir, e por obra e graça do espírito santo desaparecem. Sim! Desaparecem. A prisão fica toda, e apenas, para o grupinho principal. Já nem refiro que os guardas de uma prisão resumem-se a 4 ou 5 elementos. Isso são peaners como diria o outro.

A "ajudar", as actuações são simplesmente pavorosas, algumas ao nível dos actores porno. Ver um actor com a experiência do Ray Wise, a rebaixar-se ao ponto deste lixo, é verdadeiramente deprimente.

A falta de dinheiro não pode ser desculpa para um imenso disparate.

Classificação: *



Mad Max

Mad Max - A Estrada da Fúria


Realizador: George Miller

Actores: Charlize Theron, Tom Hardy

O Mad Max, pelo George Miller, é um dos meus filmes de elite. Um clássico intemporal, onde só os primeiros 5 minutos valem pelas 7 sequelas do Velocidade Furiosa. Como tal, não era à toa que a curiosidade estivesse nos píncaros para ver o regresso do mestre.

A linha pós-apocalíptica do Thunderdome mantém-se. A sociedade resume-se ao poder dos warlords, detentores do escassos recursos de sobrevivência. Tirando este pequeno pormenor de enquadramento, os restantes 90 e tal minutos de filme são em quinta a fundo. As paragens são escassas, e a adrenalina está quase sempre no máximo. A fotografia e alguns pormenores de realização seriam dignos de ser expostos no Louvre ou no Prado, caso houvesse sala para a 7ª arte.

O problema principal do filme, é que se tirarmos a extraordinária componente visual, falta claramente algo.

O Tom Hardy, que no Cavaleiro das Trevas tem uma interpretação absolutamente fabulosa, sem necessitar de tirar a máscara, neste Mad Max, mantendo em larga parte do filme outra máscara, tem uma representação totalmente amorfa, onde quase esquecemos que é ele a representar o personagem principal.

Grande culpada deste apagamento do Tom Hardy, é a Charlize Theron, poderosíssima no papel de Imperatriz Furiosa. Enche o filme.

Apesar dos excelentes pormenores cénicos, onde conseguimos verdadeiramente sentir o clima traumatizante da sociedade apocalíptica, penso que o enredo é demasiado banal, a roçar mesmo as linhas de série B. Com outro tipo de argumento, este filme poderia tornar-se uma obra prima.

Classificação: * * *

sexta-feira, 24 de julho de 2015

O Rei Leão

O Rei Leão


Realizadores: Roger Allers e Rob Minkoff

Quem tem miúdos por casa, sabe bem como eles são sequiosos por filmes de animação. A voracidade deles por coisas novas acho que chega a ser superior à quantidade de filmes que são feitos. E coitados de nós pais, que vemo-nos e desejamo-nos, para tentar saciar esta curiosidade. Não é à toa que antigamente na TV, os nossos conhecimentos de personagens animadas, resumiam-se aos clássicos da Warner e pouco mais, ao passo que agora, saber quem é o Jake, o Carrifante ou a Doutora Brinquedos é o mínimo exígivel pelos filhotes. Mas isso são outras conversas :-)

Por regra, para lhes mostrar, gosto de apostar em clássicos da Disney ou Pixar, sabendo de antemão o enfoque que estes estúdios costumam a dar aos valores. Nesse sentido, o "Rei Leão" acabou por surgir como uma escolha natural. Mesmo já passando as 2 décadas, nunca o tinha visto. E também, só apenas à vigésima e tal vez que os filhotes voltaram a pedir para o passar, é que lhe comecei a prestar realmente atenção. Qual não é a minha estupefacção em descobrir o quão assombroso este filme é. 

Simplesmente M-O-N-U-M-E-N-T-A-L !

Para além dos habituais valores, todo o filme é como que um compêndio de ética política para jovens. Não tão ideologicamente corrosivo como o "Triunfo dos Porcos", mas mesmo assim bastante mais adulto, do que as simpáticas personagens do Simba, Zazu, Rafiqui, Timon ou Pumba, fazem pensar.

Mufasa, o rei naquele paraíso africano, é a voz da sabedoria e experiência. Com paciência e dedicação, procura passar os seus conhecimentos e ensinamentos ao seu filho Simba. Contudo, nem tudo é idílico na "corte" do Rei. O ambicioso e pérfido Scar, irmão de Mufasa,  procura a sua oportunidade para conquistar o trono. Conseguirá?

A versão portuguesa está extremamente competente nas músicas, apesar de não ser fácil substituir um Elton John, sendo que as escolhas para as vozes das personagens estão absolutamente perfeitas.

Um clássico a ver e rever!

Classificação: * * * * *


sexta-feira, 3 de julho de 2015

Maléfica

Maléfica


Realizador: Robert Stromberg

Actores: Angelina Jolie, Elle Fanning, Sam Riley, Sharlto Copley

Maléfica, é uma nova roupagem da Disney para o clássico da Bela Adormecida. Neste século XXI pragmático, a abordagem tradicional das histórias de príncipes e princesas, é substituída por outros tipos de relações e sentimentos.

Vendo o filme, não se pode verdadeiramente fazer grandes acusações. A realização está competente, no que aos ambientes diz respeito, o argumento está interessante na difícil nova abordagem que faz a uma história que todos nós conhecemos quase do berço, e os efeitos estão o que se pode dizer 5 estrelas, com o que de melhor se pode fazer nos dias que correm.

Estando tudo tão bom, qual é então a maior falha deste "Maléfica"?

O problema, é que se isto fosse um jogo de futebol, diríamos que o árbitro estava comprado. Por muita competência que haja, o filme foi centrado exclusivamente na personagem da Angelina Jolie, deixando tudo à volta para segundo plano. E o que a Angelina Jolie fez com isso? Encheu e estourou completamente com o filme. A presença dela é tão poderosa que seca tudo em volta.

Paradoxalmente, essa é a fraqueza do filme. O desiquilíbrio brutal entre a estrela principal e todos os outros, deixa aquela sensação de obra coxa. Uma obra prima requer a habilidade de equilibrar os diferentes pontos de interesse num todo, único e indivisível. Como expoente máximo neste género da fantasia, poderia referir a "Irmandade do Anel" como referência do que a excelência deve ser.

De qualquer forma, e off the record, fica uma interpretação brutal da Angelina Jolie. Fantástica.

Classificação: * * *



sexta-feira, 19 de junho de 2015

Mercenários 2

Mercenários 2


Realizador: Simon West

Actores: Sylvester Stalone, Jason Statham, Jet Li, Bruce Willis, Arnold Schwazenegger, Jean  Claude Van Damme, Dolph Lundgreen, Chuck Norris

Não sei se por masoquismo, ou por uma simples conjugação do destino, mas a verdade é que vi este Mercenários 2.

O melhor, e incrível elogio que posso fazer, é que este "Mercenários 2" supera em muito o primeiro filme. Não pela excelência do argumento, que continua no nível infantil, mas sim pela simplificação do mesmo.

Deixando-se de pretensões moralistas, ou algum tipo de história, e simplificando o enredo num guardanapo de mesa de restaurante, as coisas até que correm espetacularmente bem. 

As cenas de acção são realizadas em grande estilo, e se esquecermos aquelas coisas chatas, tipo coerência, ou respeito pelas leis da física, até que resultam fantasticamente a nível visual.

O combate final, entre o Van Damme e o Stallone, quase que parece um evento all star de sonho da Wrestlemania, entre 2 dos maiores ícones dos anos 80. Nem faltaram os célebres pontapés em rotação do Van Damme, imortalizados no "Bloodsport" ou no "Legionário".

Do elenco, só posso dizer que nem o melhor Barcelona da história, conseguiria arranjar tantos talentos futebolísticos, quantos brutamontes lendários estão presentes nesta película.

Para apreciadores de tiros e explosões em estilo, um filme a não perder.

Classificação: * *

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Strange Blood

Strange Blood


Realizador: Chad Michael Ward

Actores: Robert Brettenaugh, Alexandra Bard, James Adam Lim 

Um ambicioso cientista procura a cura para todos os males da humanidade. Sida, gripes e cancro deixarão de ser problema, após o último pequeno pormenor desta fórmula milagrosa ser encontrado. Para tal, conta com a preciosa ajuda da sua fiel assistente, e de uma forma orgânica criada por ele criada, que lhe fornecerá os antídotos e vacinas necessárias. No processo, nem tudo corre segundo o método científico.
Fiquei na dúvida se o filme é um tributo rasca ao David Cronenberg, ou uma cópia rasca do mesmo. Se a base é toda ela uma adaptação foleira do genial "A Mosca", as cenas que sobram são um pastiche de vários lugares comuns do cinema de terror.
Vê-se que o dinheiro não é muito, sendo 80% das cenas rodadas na cave, quarto e garagem de uma banal casa americana. As restantes, desdobram-se entre um restaurante típico e um bar. Mas mesmo assim, a falta de recursos não justifica algo tão mal feito. Com semelhantes meios, conseguiram fazer do Blairwitch algo interessante. Quase que nem falo dos efeitos especiais utilizados na criatura criada pelo cientista. Já eram ultrapassados na ficção científica dos anos 50. Quanto mais num filme em pleno séc. XXI. 
Quanto aos actores, conseguem fazer-nos apreciar algumas novelas portuguesas. Do actor principal ainda se louva a tosquia que fez para o papel. A melhor parte do filme. Já mais esquisito, é passar a maior parte das cenas em cuecas, ou sem elas, pouco tendo para mostrar.

Classificação:

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Constantine


Constantine



















Actores: Keanu Reeves, Rachel Weisz, Shia Labeouf, Gavin Rossdale

Realização: Francis Lawrence


Um cruzamento de sensações nos atravessa a visualizar este Constantine.

Temos uma história centrada no Keanu Reeves, ainda com tiques do Neo (Matrix), a encarnar Constantine, um misto de super-herói e consultor ao serviço de Deus, mandando de uma assentada para a categoria demodé, todos os padres exorcistas católicos, ao ponto de tornar o bom velho padre Karras do Exorcista num tipo quadradão e lamechas.

A história, ao bom estilo hollywoodesco, caberia numa folha A4. Simples e básica. O nosso herói, com os problemas existenciais da praxe, acaba por lutar com a alta hierarquia do inferno, para salvar o futuro da humanidade (e também o da bela Rachel Weisz, como bom cavalheiro que é).

Ou seja, e resumindo, um filme com todos os atributos para ser um sonolento bocejo.

Não fosse um pequeno senão: o realizador Francis Lawrence.

Por incrível que pareça, o realizador puxa dos galões, e a nível visual, o filme está extremamente bem concebido. Diria mesmo uma obra de arte. Quer na fotografia, quer nos enquadramentos da câmara.
Esquecendo toda a banalidade do enredo e actuações, visualmente é um filme a ver e rever. Planos verdadeiramente fantásticos.

Uma nota final de humor para o Gavin Rossdale, que até está bem melhor na tela, do que na última vez que vi os Bush em concerto.

Classificação: * * *

sábado, 16 de maio de 2015

Viagem a Portugal

Viagem a Portugal


Realização: Sérgio Trefaut

Interpretes: Maria de Medeiros, Isabel Ruth, Makena Diop, José Wallenstein

Maria (Maria de Medeiros) é uma imigrante ucraniana que vem visitar o marido a Portugal. Isabel Ruth é a implacável agente do SEF que ao abrigo de toda uma panóplia de incompreensão, estereótipos e xenofobia torna-se uma barreira intransponível.

Cinema português ao mais alto nível. 

Escusado será elogiar o brilhantismo da Maria de Medeiros na 7ª arte. Verdadeiramente magistral no papel da ucraniana perseguida. Fotografia excepcional. Argumento sólido, colocando a nú as falhas da justiça no nosso sistema de controlo da imigração.

Um filme a ver, assimilar e aprender.

Classificação: * * * *



sexta-feira, 8 de maio de 2015

Mercenários

Mercenários

Realizador: Sylvester Stalone

Atores: Sylvester Stalone, Jason Staham, Jet Li, Eric Roberts, Dolph Lundgren; Mickey Rourke, Bruce Willis

Quando falamos em filmes de série B, normalmente vem-nos à mente produções de baixo custo, argumento mastigado e regurgitado, e com atores desconhecidos, ou no máximo, figuras de terceiro plano de um qualquer blockbuster. 
Partindo destes pressupostos, como classificar estes "Mercenários"? 
Dinheiro não parece ser problema na produção. 
O elenco, mais parece uma reunião all star, ao ponto blasfémico de darem-se ao luxo de não incluir um Bruce Willis ou um Arnold Schwarzenegger nos créditos.
O argumento é fraco. Mas com tanto brutamonte de renome junto, ninguém estaria propriamente à espera de introspecções metafísicas das personagens.
Então, porque é que este "Mercenários" continua a ser um filme de série B do mais rasca possível?
A resposta é: porque isto simplesmente não é um filme! 
Com muita boa vontade, podemos considerar um apanhado de cenas dos principais actores, qual modo de exibição dos seus dotes. Tirando isso, é o deserto.
A história é uma amalgama pastosa dos mais banais estereótipos imagináveis. As personagens não passam de uma mistelada confusa, onde apenas se tenta separar a custo "maus" e "bons".
Qual direito de antena, os nomes fortes do cartaz têm o seu minutinho para mostrar dotes artísticos, com falas e cenas à medida. Com o pequeno senão de parecerem remendos à pressão, sem nada terem a ver com o filme. 
Quanto aos actores com menos cartaz, azar! É pegar na arma mais próxima, e fazer uso dela. Para isso é que foram pagos.
Se disser que o "Cobra", do mesmo Stallone, parece (e é) uma obra-prima à beira deste "Mercenários", está tudo dito.
Só mesmo para indefectíveis do género.

Classificação:

domingo, 3 de maio de 2015

American Horror Story Asylum

American Horror Story Asylum (TV 2013)


Acabei recentemente de ver a 2ª temporada da American Horror Story (vai presentemente na 5ª) e a sensação agradável adquirida na temporada inicial elevou-se para um simplesmente Genial!

Para quem nunca viu, cada temporada tem uma história centrada num determinado local de forte conotação paranormal (na primeira série, uma casa assombrada, nesta segunda, um hospício), onde em cada episódio são enquadrados no desenrolar da narrativa base, vários mitos urbanos ou de terror.

Se na versão Murder House, algumas inconsistências no argumento prejudicaram de alguma forma a sua excelência, neste Asylum verifiquei com agrado uma linha narrativa muito mais forte, não se dispersando da sua base - o hospício - e apostando na evolução das diversas personagens.

A realização, suportada pela excelente fotografia, atinge um nível de qualidade a que não estamos habituados numa série de TV. Não só consegue transmitir a sensação de loucura, com expoentes máximos no quase subversivo "dominique" a tocar, tocar, e tocar infinitamente, entrando na cabeça de internados... e espectadores, ou a insana música dos nomes, numa performance magistral da Jessica Lange, como também consegue revisitar de forma credível muitos lugares comuns do terror made in Hollywood.

Em suma, para aficcionados do fantástico, uma série a não perder.

Classificação: * * * *

sábado, 2 de maio de 2015

Canaviais


Canaviais (2006)

Realizador:
Lourenço Henriques

Atores:
Daniela Ruah, Nuno Távora, João Pedro Cascais, Nuno Homem de Sá, Alfredo Brito.


Não chega a ser um filme na sua plena definição. É mais uma longa curta metragem de 40 minutos que nos remete para o irritante pseudo-elitismo do cinema português.

É de louvar a intenção do argumento. Reflexões sobre um tema tão importante como o aborto são sempre bem-vindas. Contudo, o inexplicável hábito português de plastificar as cenas numa coisa irreal, destrói qualquer boa intenção inicial. Senão veja-se:

Temos a Daniela Ruah sozinha e deslumbrante no que parece ser um monte alentejano. Temos o filho dos caseiros que venera a bela Ruah na sombra do anoitecer. O rapaz, coitado, deve ser deficiente porque não emite um pio. Mesmo assim, a absoluta ausência silábica não parece influenciar a nossa Daniela em aceder aos encantos (??) do mumificado rapaz (talvez ele seja o último homem à face da terra?). Resumindo: o pobre rapaz não sabe falar, mas lá sabe engravidar a rapariga. Intercalada com esta narrativa, aparece ele em velho, a perseguir o sonho/passado, e aí, vá-se lá saber porquê, transforma-se num papagaio repetitivo qual disco riscado.

Acham isto normal? 

Não consigo compreender a persistência de alguns realizadores nacionais em apresentar obras presas a conceitos conceptuais e estéticos, sem se preocuparem com o mais importante num filme: a identificação!
Quer seja no espaço, debaixo de água ou num castelo medieval, o público gosta de personagens que lhe digam algo. Não estereótipos de segunda categoria.

Talvez os filmes do Tino Navarro nunca cheguem perto de uma nomeação para um Óscar. Mas são filmes que se pode ver com agrado. Filmes que levam público às salas de cinema. Porquê? Porque os actores preocupam-se em encarnar personagens de carne e osso, em situações do mundo real. É isso que todos nós queremos.

E para aqueles que se revêm neste elitismo bacôco, aconselho a comparar um esteta como o Von Trier, com este bocejo. Os 2 ou 3 minutos iniciais do AntiCristo valem por toda a filmografia que o séquito de Lourenços Henriques e afins conseguirão em toda a sua vida.

Classificação: * *