sábado, 2 de maio de 2015

Canaviais


Canaviais (2006)

Realizador:
Lourenço Henriques

Atores:
Daniela Ruah, Nuno Távora, João Pedro Cascais, Nuno Homem de Sá, Alfredo Brito.


Não chega a ser um filme na sua plena definição. É mais uma longa curta metragem de 40 minutos que nos remete para o irritante pseudo-elitismo do cinema português.

É de louvar a intenção do argumento. Reflexões sobre um tema tão importante como o aborto são sempre bem-vindas. Contudo, o inexplicável hábito português de plastificar as cenas numa coisa irreal, destrói qualquer boa intenção inicial. Senão veja-se:

Temos a Daniela Ruah sozinha e deslumbrante no que parece ser um monte alentejano. Temos o filho dos caseiros que venera a bela Ruah na sombra do anoitecer. O rapaz, coitado, deve ser deficiente porque não emite um pio. Mesmo assim, a absoluta ausência silábica não parece influenciar a nossa Daniela em aceder aos encantos (??) do mumificado rapaz (talvez ele seja o último homem à face da terra?). Resumindo: o pobre rapaz não sabe falar, mas lá sabe engravidar a rapariga. Intercalada com esta narrativa, aparece ele em velho, a perseguir o sonho/passado, e aí, vá-se lá saber porquê, transforma-se num papagaio repetitivo qual disco riscado.

Acham isto normal? 

Não consigo compreender a persistência de alguns realizadores nacionais em apresentar obras presas a conceitos conceptuais e estéticos, sem se preocuparem com o mais importante num filme: a identificação!
Quer seja no espaço, debaixo de água ou num castelo medieval, o público gosta de personagens que lhe digam algo. Não estereótipos de segunda categoria.

Talvez os filmes do Tino Navarro nunca cheguem perto de uma nomeação para um Óscar. Mas são filmes que se pode ver com agrado. Filmes que levam público às salas de cinema. Porquê? Porque os actores preocupam-se em encarnar personagens de carne e osso, em situações do mundo real. É isso que todos nós queremos.

E para aqueles que se revêm neste elitismo bacôco, aconselho a comparar um esteta como o Von Trier, com este bocejo. Os 2 ou 3 minutos iniciais do AntiCristo valem por toda a filmografia que o séquito de Lourenços Henriques e afins conseguirão em toda a sua vida.

Classificação: * *

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