quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Grave Encounters 2

Grave Encounters 2




Actores: Richard Harmon, Dylan Playfair, Leanne Lap, Sean Rogerson

Realizador: John Poliquin

Mesmo sendo um sucedâneo do "Projecto Blairwitch" ou um sub-aproveitamento do "Actividade Paranormal", a primeira versão do "Grave Encounters", sem ser de uma qualidade ou originalidade fora de série, tinha uma construção interessante e sustentável para colar o espectador à cadeira, mesmo que com o obrigatório e kitsch sustito da praxe.

Descobrindo a existência de uma sequela de um filme que só por si já é um sub-produto, as expectativas não poderiam ser muito elevadas. Vendo-o, confesso que o filme até consegue os seus objectivos. É tão, tão, tão mau, que chega a ser aterrorizante a sua qualidade.

Para primeiro ponto, basta debruçarmo-nos sobre a eterna questão se os americanos são imensamente estúpidos, ou é só a fazer de conta. Mesmo sabendo que a primeira premissa está bem perto da verdade (basta ver quem elegeram para Presidente...), o argumento feito em cima do joelho, só para sustentar um ilógico enredo, é idiota demais para se levar a sério. Tipo, "é pá, há por aqui uns fenómenos quaisquer que nos querem limpar o sebo... mas é melhor ir buscar o material que ainda vale uns trocos na Vandoma" dah!

Se o argumento já era pavoroso, a coisa pior ficou quando temos aquelas situações tipo "Hey mister, tenho aqui uma cena porreira com um monstro todo freaky. Onde a encaixamos? Xiii... sei lá, atira a moeda ao ar e vê onde calha.".

Mau demais.

Para descer à profundezas do Hades, alguém teve a "brilhante" ideia de ir buscar alguns elementos do primeiro filme, para piorar ainda mais a coisa.

Um filme obrigatório para se saber o que não ver no cinema.


Classificação: * 

sábado, 5 de agosto de 2017

O Herói de Hacksaw Ridge

O Herói de Hacksaw Ridge





Actores: Andrew Garfield, Sam Worthington, Hugo Weaving, Teresa Palmer

Realizador: Mel Gibson

Qual caderneta de cromos, Mel Gibson continua a coleccionar filmes de guerra na sua colecção. Depois de estar à frente das cameras em Gallipoli (I Guerra Mundial), O Patriota (Guerra Independência EUA), Fomos Soldados (Guerra Coreia), por todo o lado em Braveheart (Rebelião Escocesa), chega finalmente à altura de abordar o maior conflito da hr de olho a istória (II Grande Guerra), desta vez apenas atrás das cameras.

Baseando-se num facto verídico, o filme conta com competência, a história de Desmond Doss (Andrew Garfield), um soldado opositor de consciência e incapaz de pegar numa arma, contudo capaz de salvar largas dezenas de homens num feroz campo de batalha.

O melhor do filme é mesmo o magnífico contraste entre o pacifismo de Doss, e a crueldade da guerra. Mel Gibson não esteve minimamente preocupado com a possível classificação do filme, tornando muitos filmes de terror gore quase elegíveis para o Disney Channel, dada a forma sanguinária e explicita das cenas bélicas.

Não negando o interesse que o filme suscita, pela temática e a adrenalina conseguida nas cenas de acção, a construção do filme acaba por ficar àquem do esperado. Existem 3 partes claramente definidas, sendo a interacção entre elas demasiado frágil. Qualquer espectador que entrasse a 1h do fim da película, perceberia a mesma mensagem de quem viu o filme desde o início, o que torna quase redundante metade do filme.

A ver, mas sem expectativas exacerbadas.


Classificação: * * *

sexta-feira, 8 de abril de 2016

San Andreas

San Andreas



Actores: Dwayne Johnson, Carla Gugino, Alexandra Daddario, Paul Giamatti, Kylie Minogue

Realizador: Brad Peyton

Se fosse para entrar num concurso mundial sobre a mulher mais afortunada do mundo, a personagem da actriz principal decerto seria a feliz contemplada. Senão vejamos: se tudo correr bem sem nenhuma catástrofe ao virar da esquina, o namorado é um dos magnatas mais ricos da Califórnia. Se por acaso algo der para o torto, o marido de que está separada, mas amigalhaço de todos, calha de ser comandante de uma equipa de resgate.

Sendo este um filme catástrofe, em que as coisas dão bastante para o torto, é escusado falar muito sobre a linha romântica do filme, certo?

Sem querer estar a ser demasiado picuínhas, desde quando um pai de cor negra, e uma mãe morena para o latino, têm uma filha para o branquinho de olhos azuis? Já ouviram falar em genética quando atribuem os papeis num filme? 

Humm... e sendo o personagem principal comandante de uma equipa de resgate, nada melhor do que no meio da maior catástrofe dos últimos séculos, aproveitar-se a seu bel prazer dos meios ao dispor (helicópteros, roubo de carros, aviões, barcos...) para salvar a família. O resto do mundo que morra feliz.

Talvez seja melhor autodisciplinar-me e acabar por aqui a minha análise ao argumento. Algo posso apostar com certeza. A minha filha de 10 anos tem textos bem mais consistentes do que este.

Do elenco, bem que se pode dizer que todos se esforçam para dar credibilidade ao filme. Não têm culpa que alguma mente brilhante tenha escolhido Dwayne Johnson para actor principal. Se os filmes fossem avaliados pelo desfile de músculos, decerto a cotação estaria bem em alta. Infelizmente, como o filme até pedia alguns momentos de representação, as (não) qualidades do Dwayne conseguiram superar a própria catrástrofe da história.

E já que se fala tanto na palavra catástrofe, ironicamente, essa é mesmo a única mais valia do filme. A sucessão de cenas de desastre e calamidade estão um brinco. Apesar de algumas redundâncias nos desabamentos, o filme tem efeitos de encher o olho.

Numa análise geral, o filme é entretido de ver, pela parte visual, pois a nível de história é do mais banal e previsível possível.

Classificação: * *

domingo, 27 de dezembro de 2015

The 13th Unit

A 13ª Unidade



Realizador: Theophilus Lacey

Actores: John Allen Phillips, Lance Aaron, Aidan Bristow

Acharam a capa assustadora? Concordo que sim. Está um trabalho bem conseguido. Diria mesmo o melhor do filme. Não existisse um pequeno pormenor que talvez faça alguma diferença:

É um embuste!

Exceptuando o resumo da história da contracapa, nada faz parte do filme. Desde o título (qual é 13ª unidade?), a imagem, e as frames, roubadas a outros filmes e séries. Está bem que o orçamento deste filme é equivalente ao que me sobra na carteira no final do mês, contudo existem regras do pudor e civilidade que deveriam ser respeitadas. 

Quanto à receita do filme, qualquer um dos nossos trabalhos na arte das sandes de presunto, ou fiambre e queijo, estará muito mais próximo de uma estrela Michellin, do que alguma vez isto estará de sair do esgoto.
Ingredientes: 1 edifício labiríntico, 1 dúzia de personagens a sacrificar e um demónio, monstro, entidade, ou simples cão rafeiro, conforme o que cada um especular de algo que nunca vê, salvo em flashes e sombras desfocadas. E essas, apontam claramente para a última hipótese. 

O caro leitor poderá estar surpreendido com a minha severidade. Afinal, apesar da banalidade do argumento, ele não diferirá de muitos outros filmes de baixo orçamento, e mesmo em produções mainstream. Verdade. Mas por poucos mais dólares, e uma história também ela banal, o Actividade Paranormal não deixa de ser um dos melhores, e mais competentes exemplos do fantástico na última década. 

Quem quiser ver este filme, aconselho a terminar a leitura por aqui, pois vou fazer algumas revelações explícitas da história.

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Se continua por aqui, escusa de agradecer por lhe ter poupado quase 1 hora e meia da sua vida.
Vamos então a factos que tornam este filme tão mau.

- A base da história é tão má e rudimentar, que nem vale a pena estar a gastar aqui o meu, e o vosso tempo a dissecá-la. Faz lembrar os velhos western dos anos 40 e 50, que punham uma tela pintada do deserto, para simular que a cena se passava ao ar livre. Mesmo que víssemos que era uma tela. 
Aqui é igual. Não pensem muito na origem, descoberta e utilização dos artefactos, pois de tão inverosímel que é, ainda ficávamos com uma mão cheia de nada.

- Flashforwards. Temos um suposto filme de terror. Temos as personagens. Qual é o raio de interesse em fazer apanhados do futuro, com elas em perigo, se TODOS nós já sabemos que elas vão estar em perigo. Dah!!!

- Monstro/Demónio. Nunca se vê. Apenas apanhados de pequenas partes do corpo, sombras ou trabalho de câmara. Em nenhuma altura aparenta ser algo tão perigoso que um bom chuto não resolva, como aliás o fez um personagem numa cena. Mas o menú é a la carte. Para umas vitimas é preciso o tal rafeiro fazer o trabalho. Já outras, são possuídas (otite?) sem razão aparente. Será o ar condicionado defeituoso?

Ufa! É bem mais difícil fazer uma crítica a lixo, do que a uma obra prima!


Classificação: zero 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Northman - Uma saga Viking

Northman - A Saga Viking



Realizador: Claudio Fah

Actores: Tom Hopper, Charlie Murphy, James Norton

Um grupo de Vikings proscrito da sua pátria escandinava naufraga na costa das Ilhas Britânicas, luta com os locais, rapta uma princesa, continua a lutar com o grupo de resgate da princesa, continua a lutar com o grupo que afinal já não quer resgatar a princesa, e por fim luta para voltar a embarcar para parte incerta. 

Resumindo: O argumento não tem ponta por onde se lhe pegue. Começa em lado nenhum, para acabar em lado nenhum. 

Qualquer comparação deste filme com a excelente série Vikings, será uma blasfémia.

Para piorar o que já não era muito bom, o actor principal, para além de ser alto e louro, nunca na vida deveria ter pensado em tentar representar. Atrozmente mau.

Única salvação deste naufrágio cinematográfico, os planos visuais e a fotografia, que estão bastante bem conseguidas.

Classificação: * *

domingo, 1 de novembro de 2015

O 7º Filho

O 7º Filho


Realizador: Sergey Bodrov

Actores: Jeff Bridges, Julianne Moore, Ben Barnes, Alicia Vikander, Kit Harington

Algures numa época medieval, sob os auspícios de uma lua vermelha, bruxas e bruxos irão-se unir a várias criaturas das trevas, e apenas o Espectro, e o seu aprendiz, poderão salvar a humanidade do reino de terror que se aproxima.

Lendo as linhas acima, não podemos escapar a uma muito familiar sensação de dejá vú, dispersa por dezenas de filmes, entre bons, médios, maus e péssimos, que já vimos em tempos. Enquadrar este 7º Filho entre as duas últimas avaliações, talvez fosse um fardo muito pesado para um produto visualmente q.b. e uma Julianne Moore, que mesmo deslocada, mantém os seus padrões habituais de competência. Contudo, a tendência maçadora e obsessiva de misturar o Senhor dos Anéis com os X-Men, podiam muito bem ter incluído este filme numa nomeação para os razzies.

Desilusão absoluta para a prestação do Jeff Brigdes. Ao contrário da Julianne Moore, nunca conseguiu entrar no personagem, que sendo central, afundou o filme com ele. Um dos seus piores, senão mesmo o pior, momentos da carreira.

Numa palavra final, um filme entretido de ver numa tarde de um domingo chuvoso, mas pelo elenco, e pelos meios envolvidos, tinha obrigação de ser muito melhor.

Classificação: * *



sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Quinze pontos na Alma

Quinze pontos na Alma


Realização: Vicente Alves do Ó

Actores: Rita Loureiro, Dalila Carmo, João Reis, Ivo Canelas, Carmen Santos

Afiança o teaser do filme que "Simone é uma mulher que tem tudo... O marido perfeito, os amigos perfeitos, a casa perfeita... Mas num instante tudo muda. Por vezes ter tudo não chega.

Se a motivação do filme era mostrar como se pode trocar uma vida perfeita, por uma mão cheia de nada, sem razão ou motivo plausível que o justifique, podemos enquadrá-lo na classe de obra-prima. Se é para ser um ensaio sobre loucura, também se pode dizer que está bem conseguido. Contudo, para alguém que prefere o realismo, em filmes que não se enquadram no domínio da fantasia ou ficção científica, só posso considerar este "Quinze pontos na Alma" uma piada de mau gosto, a gozar com biliões de pessoas que lutam diariamente por uma vida melhor.

Tal como referido, Simone é uma mulher que tem tudo na vida. Bom emprego, situação financeira desafogada, um marido que a ama, amigos fiéis. Um dia, ao regressar a casa, cruza com um desconhecido prestes a suicidar-se. Trocam um beijo antes deste consumar o seu intento. A partir desse momento, a vida dela muda radicalmente, numa busca obsessiva pelo passado do suicida.

Podemos entrar pelo campo filosófico, sobre a ambição constante do Ser Humano, ou pelo campo psicológico na atracção pelo desconhecido. Mas assentando bem os pés na terra, qual a reacção de 99,99% das pessoas se presenciassem um suicídio? Choque, consternação, preocupação, desmaio, vómitos, milhentas coisas do género, menos a única que não passará na cabeça de alguém são, que é ir para casa apaixonada pelo suicida (sem sequer se importar se ele efectivamente morreu ou não). 

Como pode o cinema português querer aspirar ao reconhecimento internacional, quando se continua a apostar nestas patetices existencialistas sem sentido?

Esquecendo o argumento, podemos apreciar um trabalho na linha do Manoel de Oliveira, onde a componente estética, nomeadamente nos enquadramentos e planos, é simplesmente magistral.

Apesar da prestação segura da Rita Loureiro, foram os (muito) secundários Dalila Carmo, Ivo Canelas ou Carmen Santos a conseguir dar algum brilho a um filme demasiado amorfo.

Filme interessante pela estética, ou para uma noite em que a insónia ataque.

Classificação: * *