sexta-feira, 29 de maio de 2015

Constantine


Constantine



















Actores: Keanu Reeves, Rachel Weisz, Shia Labeouf, Gavin Rossdale

Realização: Francis Lawrence


Um cruzamento de sensações nos atravessa a visualizar este Constantine.

Temos uma história centrada no Keanu Reeves, ainda com tiques do Neo (Matrix), a encarnar Constantine, um misto de super-herói e consultor ao serviço de Deus, mandando de uma assentada para a categoria demodé, todos os padres exorcistas católicos, ao ponto de tornar o bom velho padre Karras do Exorcista num tipo quadradão e lamechas.

A história, ao bom estilo hollywoodesco, caberia numa folha A4. Simples e básica. O nosso herói, com os problemas existenciais da praxe, acaba por lutar com a alta hierarquia do inferno, para salvar o futuro da humanidade (e também o da bela Rachel Weisz, como bom cavalheiro que é).

Ou seja, e resumindo, um filme com todos os atributos para ser um sonolento bocejo.

Não fosse um pequeno senão: o realizador Francis Lawrence.

Por incrível que pareça, o realizador puxa dos galões, e a nível visual, o filme está extremamente bem concebido. Diria mesmo uma obra de arte. Quer na fotografia, quer nos enquadramentos da câmara.
Esquecendo toda a banalidade do enredo e actuações, visualmente é um filme a ver e rever. Planos verdadeiramente fantásticos.

Uma nota final de humor para o Gavin Rossdale, que até está bem melhor na tela, do que na última vez que vi os Bush em concerto.

Classificação: * * *

sábado, 16 de maio de 2015

Viagem a Portugal

Viagem a Portugal


Realização: Sérgio Trefaut

Interpretes: Maria de Medeiros, Isabel Ruth, Makena Diop, José Wallenstein

Maria (Maria de Medeiros) é uma imigrante ucraniana que vem visitar o marido a Portugal. Isabel Ruth é a implacável agente do SEF que ao abrigo de toda uma panóplia de incompreensão, estereótipos e xenofobia torna-se uma barreira intransponível.

Cinema português ao mais alto nível. 

Escusado será elogiar o brilhantismo da Maria de Medeiros na 7ª arte. Verdadeiramente magistral no papel da ucraniana perseguida. Fotografia excepcional. Argumento sólido, colocando a nú as falhas da justiça no nosso sistema de controlo da imigração.

Um filme a ver, assimilar e aprender.

Classificação: * * * *



sexta-feira, 8 de maio de 2015

Mercenários

Mercenários

Realizador: Sylvester Stalone

Atores: Sylvester Stalone, Jason Staham, Jet Li, Eric Roberts, Dolph Lundgren; Mickey Rourke, Bruce Willis

Quando falamos em filmes de série B, normalmente vem-nos à mente produções de baixo custo, argumento mastigado e regurgitado, e com atores desconhecidos, ou no máximo, figuras de terceiro plano de um qualquer blockbuster. 
Partindo destes pressupostos, como classificar estes "Mercenários"? 
Dinheiro não parece ser problema na produção. 
O elenco, mais parece uma reunião all star, ao ponto blasfémico de darem-se ao luxo de não incluir um Bruce Willis ou um Arnold Schwarzenegger nos créditos.
O argumento é fraco. Mas com tanto brutamonte de renome junto, ninguém estaria propriamente à espera de introspecções metafísicas das personagens.
Então, porque é que este "Mercenários" continua a ser um filme de série B do mais rasca possível?
A resposta é: porque isto simplesmente não é um filme! 
Com muita boa vontade, podemos considerar um apanhado de cenas dos principais actores, qual modo de exibição dos seus dotes. Tirando isso, é o deserto.
A história é uma amalgama pastosa dos mais banais estereótipos imagináveis. As personagens não passam de uma mistelada confusa, onde apenas se tenta separar a custo "maus" e "bons".
Qual direito de antena, os nomes fortes do cartaz têm o seu minutinho para mostrar dotes artísticos, com falas e cenas à medida. Com o pequeno senão de parecerem remendos à pressão, sem nada terem a ver com o filme. 
Quanto aos actores com menos cartaz, azar! É pegar na arma mais próxima, e fazer uso dela. Para isso é que foram pagos.
Se disser que o "Cobra", do mesmo Stallone, parece (e é) uma obra-prima à beira deste "Mercenários", está tudo dito.
Só mesmo para indefectíveis do género.

Classificação:

domingo, 3 de maio de 2015

American Horror Story Asylum

American Horror Story Asylum (TV 2013)


Acabei recentemente de ver a 2ª temporada da American Horror Story (vai presentemente na 5ª) e a sensação agradável adquirida na temporada inicial elevou-se para um simplesmente Genial!

Para quem nunca viu, cada temporada tem uma história centrada num determinado local de forte conotação paranormal (na primeira série, uma casa assombrada, nesta segunda, um hospício), onde em cada episódio são enquadrados no desenrolar da narrativa base, vários mitos urbanos ou de terror.

Se na versão Murder House, algumas inconsistências no argumento prejudicaram de alguma forma a sua excelência, neste Asylum verifiquei com agrado uma linha narrativa muito mais forte, não se dispersando da sua base - o hospício - e apostando na evolução das diversas personagens.

A realização, suportada pela excelente fotografia, atinge um nível de qualidade a que não estamos habituados numa série de TV. Não só consegue transmitir a sensação de loucura, com expoentes máximos no quase subversivo "dominique" a tocar, tocar, e tocar infinitamente, entrando na cabeça de internados... e espectadores, ou a insana música dos nomes, numa performance magistral da Jessica Lange, como também consegue revisitar de forma credível muitos lugares comuns do terror made in Hollywood.

Em suma, para aficcionados do fantástico, uma série a não perder.

Classificação: * * * *

sábado, 2 de maio de 2015

Canaviais


Canaviais (2006)

Realizador:
Lourenço Henriques

Atores:
Daniela Ruah, Nuno Távora, João Pedro Cascais, Nuno Homem de Sá, Alfredo Brito.


Não chega a ser um filme na sua plena definição. É mais uma longa curta metragem de 40 minutos que nos remete para o irritante pseudo-elitismo do cinema português.

É de louvar a intenção do argumento. Reflexões sobre um tema tão importante como o aborto são sempre bem-vindas. Contudo, o inexplicável hábito português de plastificar as cenas numa coisa irreal, destrói qualquer boa intenção inicial. Senão veja-se:

Temos a Daniela Ruah sozinha e deslumbrante no que parece ser um monte alentejano. Temos o filho dos caseiros que venera a bela Ruah na sombra do anoitecer. O rapaz, coitado, deve ser deficiente porque não emite um pio. Mesmo assim, a absoluta ausência silábica não parece influenciar a nossa Daniela em aceder aos encantos (??) do mumificado rapaz (talvez ele seja o último homem à face da terra?). Resumindo: o pobre rapaz não sabe falar, mas lá sabe engravidar a rapariga. Intercalada com esta narrativa, aparece ele em velho, a perseguir o sonho/passado, e aí, vá-se lá saber porquê, transforma-se num papagaio repetitivo qual disco riscado.

Acham isto normal? 

Não consigo compreender a persistência de alguns realizadores nacionais em apresentar obras presas a conceitos conceptuais e estéticos, sem se preocuparem com o mais importante num filme: a identificação!
Quer seja no espaço, debaixo de água ou num castelo medieval, o público gosta de personagens que lhe digam algo. Não estereótipos de segunda categoria.

Talvez os filmes do Tino Navarro nunca cheguem perto de uma nomeação para um Óscar. Mas são filmes que se pode ver com agrado. Filmes que levam público às salas de cinema. Porquê? Porque os actores preocupam-se em encarnar personagens de carne e osso, em situações do mundo real. É isso que todos nós queremos.

E para aqueles que se revêm neste elitismo bacôco, aconselho a comparar um esteta como o Von Trier, com este bocejo. Os 2 ou 3 minutos iniciais do AntiCristo valem por toda a filmografia que o séquito de Lourenços Henriques e afins conseguirão em toda a sua vida.

Classificação: * *